Cresci na cidade de Angra, e voltei incansavelmente todos os anos, vezes sem conta. Sinto um profundo carinho pela história e a beleza da cidade de Angra. Guardo desses tempos amizades e sonoridades jamais esquecidas.
Na minha adolescência comecei a participar em concertos, não só como público, mas também na organização dos mesmos. A maior parte dos meus amigos mais chegados tinham bandas de punk, rock e metal e devido a essas influências o nosso estilo diferia em muito dos nossos colegas do liceu.
Devido a esses laços de amizade, aos laços familiares e à beleza intrínseca dos açores, prescindia de ir passar férias a outras paragens, o que constantemente indignava a minha mãe, que sempre me perguntava, se tinha que vir à ilha contar e confirmar, se as pedras da calçada estavam no mesmo sítio. E assim foi.
A partir de dessas memórias pessoais decidi fazer um projeto para o Lab jovem em que unisse o tradicional da calçada da cidade de Angra e os movimentos modernos da segunda metade do seculo XX ligados às tribos urbanas.
É com satisfação que a cada visita que faço a Angra do Heroísmo, continuo a encontrar um movimento underground ligado ao punk, rock e ao metal, vivo e de boa saúde que trespassou a minha geração motivando as gerações mais novas. Algo que não deixa de ser intrigante visto que associamos as tribos urbanas às cidades grandes e cosmopolitas.
Nesta coleção optei por tipologias ligadas ao rock e ao streetwear que podem ser usadas no dia-dia, aplicando as tendências de moda atuais. Contei as pedras da calçada, estudei com afinco as suas formas e a partir delas e criei os estampados apresentados na coleção. Utilizei as taxas, que estão ligadas aos movimentos das tribos urbanas e relacionadas intrincicamente com o punk, rock e o metal, com elas reproduzi as formas e os desenhos da calçada da cidade de Angra.
Na paleta de cor inspirei-me nas cores da calçada, branco, negro e cinzento e como não podia deixar de ser no azul do mar que sempre nos acompanha na cidade de Angra do Heroísmo