Fiz um documentário sobre o Sr. Herberto Soares porque, acima de tudo, gosto imenso de documentários. Apesar de apreciar também ficção, acredito que este nosso mundo é de tal modo rico e complexo que merece que passemos algum tempo a tentar observá-lo, retratá-lo, compreendê-lo.
Depois porque fiquei fascinado quando vi uma reportagem sobre o Sr. Herberto na RTP-Açores. Não apenas porque a sua fábrica é fora-do-comum na nossa realidade cultural e económica, mas principalmente pela idade que tem, pela sua história de vida, pela sua energia.
A obra, que já tinha uma premissa interessante à partida - um nonagenário faialense que, tendo vivido 60 anos longe dos Açores, decidiu voltar à sua terra natal e começar (aos 90 anos de idade) uma fábrica de derivados da soja – revelou-se mais complexa do que o esperado.
A curiosidade inicial sobre o personagem e a sua história deu lugar à tomada de consciência da luta diária que tem para introduzir no mercado açoriano o que produz na sua fábrica. Esta acaba por ter um duplo papel na sua vida: tanto é o que lhe dá alento e vitalidade, como também é o que o deprime, entristece e desilude.