LOCALIZAÇÃO | OBJETIVOS
No âmbito da disciplina de Projeto V, foi lançada a proposta para a execução de um convento Dominicano tendo como localização a Quinta das Palmeiras na cidade da Covilhã.O terreno, de aproximadamente dezassete mil metros e acentuada inclinação, encontra-se circundado por prédios de habitação. Atendendo à função e público a que se destina o projeto, é primazia criar um local em que os utilizadores, os frades dominicanos, tenham privacidade,vivendo em comunidade, mas que no entanto se adapte ao meio em que se insere, permitindo o contato com o mundo exterior. Pretende-se criar no local espaços públicos, semi-públicos e privados, que embora articulados, irão dividir o terreno por zonas.
SÍTIO /IMPLANTAÇÃO
O terreno da Quinta das Palmeiras situa-se numa nova urbanização habitacional, limitado pelas vias rodoviárias que lhe conferem um forma retangular. Embora toda a área esteja rodeada por prédios, é de referir dois que se encontram a Nordeste, justapostos ao terreno, em forma de L,que conferem uma entrada resguardada ao terreno. A Noroeste, um amplo parque de estacionamento com visibilidade e acessibilidade para o terreno e a Sul, entre edifícios, uma abertura para o horizonte, a zona mais privilegiada em termos de paisagem.A proposta de implantação do convento contraria a urbanização existente, um sistema unitário racionalmente desorganizado, análogo à urbanização da zona histórica da cidade, com uma entrada principal discreta entre os dois edifícios já existentes. Volumes quadrangulares em três diferentes orientações são envolvidos numa pele que os casa em desarranjo. Surgem vazios entre os volumes que criam espaços públicos e semi públicos no exterior do edifício e um espaço privado, o claustro, no interior do mesmo.
CONCEITO
É o claustro elemento simbólico do convento ou mosteiro. Representa a barreira física arquitetónica que efetivamente separa o mundo dos monges e frades do mundo dos servos e trabalhadores. Concretamente, o claustro é um vazio que é a chancela do convento.A vida e interação com a comunidade caracteriza e distingue a Ordem Dominicana. Para estreitara barreira entre o mundo dos frades e o mundo dos servos e trabalhadores, com o intuito de gerar uma reaproximação entre ambas as partes, propõem-se um convento de dependências afastadas,deixando a sua forma contígua tradicional, que procuram a luz e o desafogo entre edificações.Do elemento simbólico do convento, o claustro, retirou-se a forma; o quadrado. Um quadrado de doze metros de lado é a base que irá albergar as dependências consuante a sua função. Este multiplica-se até se obter todo o programa do convento.Para aproximar a urbanização habitacional à cidade histórica da Covilhã, que de costas parece me estar voltadas, houve o intuito de criar uma aparente « desorganização » racional com o auxílio de três malhas estruturais sobrepostas, cada uma com a sua direção devido ao jogo com a orientação solar e linhas de força do terreno. Surgem oito volumes de forma quadrangular independentes, unificados por uma galeria que também funciona como corredor, uma rama que liga os volumes. Entre a rama e os volumes deambulantes existe um claustro. A unificação do conjunto deve-se à “pele” gerada pela escolha de um único material de aspeto tosco, o granito,que fortalece todo o exterior numa muralha. Esta separa e delimita o espaço externo do convento do interno. Entre os interregnos dos volumes formam-se “semi-claustros”, que pretendem gerar e incentivar a aproximação da comunidade ao convento.Tendo em conta a inclinação do terreno, o edifício insere-se e desenvolve-se ao longo do mesmo,interligando-se com o exterior através de patamares em diferentes cotas. Os patamares assumem função de jardim ou horta e o acesso entre os mesmos é feito por uma escadaria integrada em todo o terreno, tendo como referência os acessos exteriores da obra Mainson Louis Carré do arquiteto Alvar Aalto. Tendo em conta construções de outrora da região da mesma natureza, o terreno encontra-se na zona alta o terreno, dando mais privacidade ao mesmo e permitindo que se abra para o horizonte.
DISTRIBUIÇÃO FUNCIONAL
A distribuição funcional do edifício partiu do princípio de colocar no piso térreo as dependências de função pública que se dividem em dependências abertas para o público em geral (portaria, casa de visitas) e dependências públicas destinadas unicamente à comunidade dominicana (sala de convívio, refeitório, sala de trabalhos, biblioteca, instalações sanitárias). Contudo existe uma exceção; um volume privado com celas. Esta escolha foi feita tendo em conta a possibilidade de existirem várias faixas etárias entre os futuros utilizadores do edifícios ou casos de mobilidade reduzida e/ou condicionada. As circulações são feitas por largos corredores que quando envolvem o claustro, formam uma galeria envidraçada, que funcionam como zonas de estar e contemplação para o mesmo.O acesso para o primeiro piso é feito por dois lances de escadas onde se encontram as celas individuais; cada volume contém celas além de instalações sanitárias que funcionam como um balneário. A circulação do piso é feita mais uma vez por amplos corredores comuns que quando envolvem o claustro, formam uma galeria envidraçada com vista sobre o mesmo.No piso menos um encontram-se as dependências de cariz meramente religioso: capela, sacristia,oratório e sala capitular.As dependências abertas ao público são aquelas que se encontram nos volumes mais próximos da civilização e mais afastados da zona central do convento, o claustro. É feita assim uma distinção entre os volumes públicos para a comunidade em geral e os para a comunidade dominicana.Optou-se por vãos “controlados” localizados nas fachadas dos volumes mais salientes, onde é vital a sua existência. De forma quadrangular, variam entre os sessenta centímetros até aos cento e vinte, sendo que no piso térreo os vãos são mais pequenos no primeiro piso dando maior privacidade ao edifício. A disposição assimétrica reforçada pela variância dos vãos, remete para a arquitetura vernácula da região, assim como a escolha do material de revestimento do edifício:pedra de granito.A nível exterior, toda a envolvente funciona como um grande jardim. Não existem percursos calcetados, cabe ao utilizador traçar o seu percurso.