PROJETO


Cronicas e outras estórias ilustrado

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Correu há dias a notícia de que as piscinas do Parque da Alagoa estavam praticamente concluídas, mas só abriam ao público depois do Verão. Motivo adiantado: a falta de água, agravada com os enchimentos da piscina, poderia levar a cortes no abastecimento público. Quer isto dizer que, numa terra onde chove a potes a maior parte do ano, não há água suficiente para a piscina pública que sempre sonhámos ter? E se passar a chover menos daqui para o futuro, a piscina nunca mais abre?! Será então mais uma obra a entrar em ????la de espera, no momento em autêntico engarrafamento. Entre melhoramentos prometidos, orçamentados,esquecidos, reiniciados, reinterrompidos, temos: a Casa da Cultura, esventrada e esburacada, sem sinal de recomeço das obras; o Teatro Faialense, como interminável folhetim de adiamentos; as instalações do DOP, remetidas para as calendas gregas, afogadas em burocracias e em más-vontades indisfarçáveis; a nova escola secundária que não arranca; o campo de golfe de que já nem se fala; o parque desportivo que passou a ser uma miragem; e agora a piscina,que estando ali mais que pronta para abrir nunca mais abre e a culpa é de São Pedro que, em vez dos dilúvios que nos costuma mandar, devia era enviar-nos uma tromba de água todos os dias!Ainda mais: se é para a piscina ficar ali pronta mas sem água, atenção que isso representa um grande perigo! E eu sei do que estou falando, porque me lembro muito bem do que aconteceu ao Moscatel aqui há uns anos. Mas eu conto. Nos primeiros tempos do Hotel Fayal a discoteca funcionava num edifício que ainda lá está entre campos de ténis e a piscina.Aconteceu que, numa noite de Verão, quando o popular Moscatel e um companheiro de negociatas da baía, primo do Pé de Prata, saíram eufórico se bem bebidos da dita discoteca. A noite estava quente e ao passarem pela piscina, Moscatel comentou para o companheiro:- É uma merda esta coisa cheia de água e agente cheios de calor!...-Vai uma corrida para ver quem se atira primeiro? – desatou o primo Pé de Prata, despindo-se e descalçando-se rapidamente.Num ápice ficaram em cuecas e o amigo foi o primeiro a mergulhar.-Ai que eu morro! – gritou ele do fundo da piscina, totalmente vazia.-Até se pode falar debaixo de água! – maravilhou-se Moscatel e mergulhou de seguida, caindo em cima do desgraçado. Aos gritos de ambos acorreram socorros que os levaram ao hospital.Ora, para podermos evitar possíveis desastres futuros tem de se ter muito cuidado, principalmente durante o Verão, quando enxameiam os turistas,metendo-se por tudo quanto é sítio. Alguns mais distraídos e ignorantes dos nossos costumes, podem sentir tentações irreprimíveis de um mergulho. Tal como aconteceu com o nosso pobre Moscatel.Penso que se deveria fazer um concurso de ideias. Mesmo que custe algum dinheiro, é sempre uma boa ideia do que uma cabeça rachada. Para encurtar tempo, aí vão algumas sugestões de que não cobro nada: número um –arame farpado a toda a volta da piscina; número dois – cartazes em português: “Cuidado! Piscina Seca! Água chega dentro de momentos!” E em inglês: “Attention: Typical dry pool”Vamos a ver se salvamos alguém!(In”Tribuna das Ilhas”, 03 de Maio de 2002