VENERA é uma serie de photograms, imagens fotografadas sem câmara, criadas em laboratório através da luz incidente em objectos sobre papel fotossensível, que explora várias formas de composição visual através da relação entre a luz e a sombra e o seu efeito sobre texturas e transparências, pretendendo aproximar-se do objecto escultural.
Através deste processo analógico, a forma da matéria inicial modifica-se, ganhando uma nova materialização, enquanto objecto, como um elemento suspenso e estrutural, não perdendo, no entanto, o seu cariz etéreo.
O objecto torna-se, assim, portador de um novo significado e de uma nova forma, perdendo a fragmentação que tinha enquanto matéria inicial, passando agora a compor uma estrutura coerente entre as diversas imagens capturadas, pertencentes ao mesmo universo. Captados entre o movimento e rigidez, estes photograms evocam a fragilidade da matéria que compõem as estruturas, trazendo os seus ligamentos à luz, mostrando como estas se suspendem, contra a gravidade, a forma e o tempo.
O projecto VENERA começou pela necessidade de explorar a dimensão das formas, ampliá-as e desapropriá-las da sua condição concreta inicial. O modo como um simples fragmento têxtil, quando traduzido em luz e sombra, se transforma num novo corpo foi o principal foco do projecto. Esses fragmentos, quando individuais, aproximam-se a corpos quase celestes, e quando ampliados e invadindo os limites do suporte físico, tornam-se em padrões quase paisagens.
VENERA é um estudo visual sobre a plasticidade e subjectividade dos objectos, na distorção perceptiva do real.