Apesar da simplicidade aparente num primeiro olhar, na verdade este cartaz envolve alguma complexidade interpretativa. De facto penso que este objecto é um bom reflexo do culminar de anos de estudo artístico, mesclando disciplinas como teoria da forma visual, ergonomia, sustentabilidade e design gráfico.
O conceito subjacente ao cartaz é o de utilizar os erros ortográficos como uma metáfora para as alterações climáticas que acontecem diariamente sem que notemos – uma vez que a nossa percepção de texto é feita em bloco de palavras e não letra a letra, o “leitor” não se apercebe dos pequenos erros ortográficos que são introduzidos subtilmente (até certo ponto). Gradualmente incrementando o erro e por isso impondo uma dificuldade acrescida ao acto de leitura da frase, cujo objectivo é causar algum desconforto ao “leitor”, metaforicamente reforça o rescaldo de não nos importarmos com as alterações climáticas. Sabendo que existe sempre uma componente temporal associada à leitura e, que a mesma é feita da esquerda para a direita e de cima para baixo, o fundo do cartaz “actua” como um ecossistema que se deteriora (o verde torna-se mais seco) à medida que a frase – o tempo – passa.
Como última nota é de referir que este cartaz foi projectado de forma a camuflar o seu processo de criação e impressão, simulando uma espécie de serigrafia mais sustentável.