A escolha do Bangladesh como objecto de estudo deve-se essencialmente a duas razões. A primeira, porque é um dos países mais pobres do mundo; a segunda, porque a sua capital, Dhaka, é uma das megacidades com maior expansão urbana do mundo, albergando mais de 5.000 bairros de lata em constante crescimento. Escolheu-se projectar no maior bairro de lata da capital, Karail Slum, porque oferecia uma perspectiva exemplar do projecto seleccionado: alberga uma elevada densidade populacional, sofre as consequências das monções e não proporciona as mínimas condições físicas aos moradores. Na verdade, a capital já atinge níveis elevadíssimos de densidade, vivendo topograficamente em situação de risco permanente, porque eleva-se apenas entre 2m a 13m em relação ao nível do mar e apresenta profundos e graves problemas sociais. Além disso, o projecto não esqueceu a necessidade de controlar os custos económicos, bem como de estreitar a sua pegada ecológica, sempre tomando em consideração as elevadas densidades de Karail Slum. Pensar a habitação nestes termos implicou uma visão clara e assertiva sobre as evidências culturais e sociais do próprio lugar. Obrigou a um olhar distanciado, porque habitar em Karail Slum é completamente diferente de habitar num bairro de lata no Ocidente. A problemática ainda fica mais enriquecida se se acrescentar que a religião maioritária do Bangladesh é a religião muçulmana mas que também existe uma minoria importante hindu. Deste modo, aos interditos religiosos acrescentam-se interditos culturais no grande espectro sempre presente da abjecta pobreza.