“Funeral artístico do projecionista” é um filme que tem como ponto de partida a sensação de que o mecanismo analógico de precisão, que deu origem ao cinema, está a chegar ao fim.
A profissão do projecionista deixará de ter o mesmo significado, uma vez que já não será necessária a preparação física do filme para a exibição do mesmo, e os seus conhecimentos de mecânica deixarão de ser preciosos.
É transversal em mim uma vontade muito forte de filmar aspetos particulares da vida, que estão em vias de desaparecer. É com uma certa melancolia que o faço, sem retirar deste ato algum prazer, pois estarei a documentar e a preservar algo ou alguém que desaparecerá. Um ato em si, paradoxal, tendo em conta as persistências do passado e a inevitabilidade da mudança. Apesar disto, não teria filmado o projecionista do Teatro Faialense, se este não fosse Erminio Arrighi alguém por quem tenho uma grande admiração, e cuja reflexões me parecem muito particulares. Ele expõe a sua consideração, um reflexo da proliferação da imagem, através da hipótese paradoxal de que, "Na era da comunicação, nós perdemos a capacidade de comunicar.”